ARTICULAÇÃO RADIOCARPAL



Constituída por duas articulações: a articulação radiocarpal e a articulação mediocarpal.

A articulação radiocarpal é formada pela extremidade distal do rádio e o disco articular (ulnocarpal), na parte proximal, e pelos ossos carpais escafoide, semilunar e piramidal na parte distal. Por haver um disco articular entre a ulna e a fileira proximal dos ossos carpais, a ulna não é considerada parte dessa articulação. O osso pisiforme, localizado na fileira proximal de ossos carpais, não se articula com o disco articular porque se situa anteriormente ao osso piramidal. Portanto, o osso pisiforme também não é considerado parte dessa articulação. A articulação radiocarpal é do tipo sinovial, elipsóidea biaxial, possibilitando os movimentos de flexão e extensão, além de adução e abdução da mão. A combinação desses quatro movimentos é denominada circundução. Não há rotação na articulação radiocarpal. A articulação mediocarpal está localizada entre as duas fileiras de ossos carpais, enquanto as articulações intercarpais estão localizadas entre os ossos carpais em cada fileira individual. O formato dessas articulações é irregular, sendo sinoviais, planas não axiais, com movimentos de deslizamento que, em conjunto, contribuem para o movimento do punho.












Movimento osteocinemático





Em geral, vários termos são usados para se referir aos movimentos da mão na articulação radiocarpal. Flexão da mão e flexão palmar são sinônimos, assim como, hiperextensão e dorsiflexão.


A flexão e a extensão ocorrem no plano sagital em torno do eixo transversal. A partir da posição neutra, a flexão é de aproximadamente 90° e a extensão, de 70°. A abdução e a adução ocorrem no plano frontal em torno do eixo sagital. Há aproximadamente 25° de abdução e 35° de adução.






Movimento artrocinemático





Durante a flexão do punho, os ossos carpais deslizam para trás sobre o rádio e o disco articular. Durante a extensão do punho, esses ossos deslizam para frente. Durante o desvio radial, esses ossos deslizam medialmente e, durante o desvio ulnar, deslizam lateralmente






















Ossos e pontos de referências











Ligamentos e outras estruturas




Existem basicamente quatro ligamentos da articulação radiocarpal que proporcionam maior sustentação do punho. Além disso, há numerosos ligamentos menores que reforçam as articulações intercarpais.

O ligamento colateral radial do carpo fixa-se no processo estiloide do rádio e nos ossos escafoide e trapézio. O ligamento colateral ulnar do carpo fixa-se no processo estiloide da ulna e nos ossos pisiforme e piramidal. Esses ligamentos, respectivamente, proporcionam um suporte lateral e medial à articulação radiocarpal.

O ligamento radiocarpal palmar é um ligamento resistente e espesso, que se torna tenso na extensão, limitando assim a extensão do punho. É uma faixa larga que se estende da superfície anterior da extremidade distal do rádio e da ulna até a superfície anterior dos ossos carpais da fileira proximal, além do capitato na fileira distal. Talvez seja mais importante para a função do punho que seu correspondente, o ligamento radiocarpal dorsal, porque a maioria das atividades da mão ocorre em extensão, e não em flexão. Portanto, o ligamento radiocarpal palmar também é mais propenso a sofrer estiramento ou entorse. Deve-se mencionar que alguns autores separam o ligamento radiocarpal do ligamento ulnocarpal, e outros não. Do ponto de vista funcional, eles atuam praticamente como um só.









O ligamento radiocarpal dorsal se estende da superfície posterior da extremidade distal do rádio até a superfície posterior do escafoide, semilunar e piramidal. Esse ligamento se torna tenso à flexão, limitando assim o grau de flexão da mão. Como as forças determinantes de flexão excessiva não são tão intensas quanto as determinantes de extensão excessiva, esse ligamento não é tão forte quanto o ligamento radiocarpal palmar.










Uma cápsula articular, que contém a articulação radiocarpal, está reforçada pelos ligamentos colaterais radial e ulnar do carpo e pelos ligamentos radiocarpais palmar e dorsal. O disco articular está localizado junto à extremidade distal da ulna e articula-se com os ossos piramidal e semilunar. Atua para absorver impactos e preenche o espaço entre a extremidade distal da ulna e os ossos carpais adjacentes a ela – piramidal e semilunar. O disco articular preenche o espaço criado, porque a ulna e seu processo estiloide não se prolongam tão distalmente quanto o rádio e seu processo estiloide.













A aponeurose palmar é relativamente espessa e triangular, localizando-se superficialmente na palma da mão. Ela cobre os tendões dos músculos extrínsecos e oferece alguma proteção às estruturas na palma da mão; serve para inserção distal do músculo palmar longo, que se funde a ela, assim como o retináculo dos músculos flexores.













Músculos do punho




Existem numerosos músculos do punho e da mão que se originam nos epicôndilos medial e lateral do úmero. Esses acidentes anatômicos são pequenos e não têm área superficial suficiente para acomodar todas as inserções desses músculos. Esse desafio é atendido por um tendão único que se origina de cada um desses acidentes anatômicos e se divide em múltiplos ventres musculares diferentes, cada ventre sendo identificado como um músculo separado.




O tendão flexor comum é um tendão único que se origina no epicôndilo medial do úmero. Ele dá origem a muitos músculos que são agonistas primários para flexão no punho ou na mão, ou seja, Mm. pronador redondo, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor superficial dos dedos e flexor ulnar do carpo. Da mesma forma, o tendão extensor comum se origina no epicôndilo lateral do úmero. Esse tendão único dá origem a muitos músculos que são agonistas primários para extensão do punho ou dos dedos das mãos, ou seja, os Mm. extensor radial longo do carpo e extensor radial curto do carpo, extensor ulnar do carpo, extensor dos dedos e extensor do dedo mínimo.



Anterior


Posterior



Flexor ulnar do carpo


Extensor radial longo do carpo



Flexor radial do carpo


Extensor radial curto do carpo



Palmar longo


Extensor ulnar do carpo


Podem ser feitas algumas afirmações gerais sobre as inserções musculares proximais dos músculos do punho. A primeira é que os músculos flexores se originam do tendão flexor comum no epicôndilo medial do úmero e os músculos extensores se originam no tendão extensor comum no epicôndilo lateral. Todavia, deve-se mencionar que o M. extensor radial longo do carpo é uma exceção a essa regra e se origina logo acima do côndilo lateral na crista supracondilar lateral. Segunda, o local de inserção distal de todos os músculos do punho é em um osso metacarpal, exceto o músculo palmar longo. Terceira, os nomes dos músculos geralmente descrevem sua ação (flexor, extensor), o local onde atuam (região carpal se refere ao punho) e em que parte da região carpal está a inserção distal. Seus nomes também indicam se o músculo faz adução ou abdução.






O músculo flexor ulnar do carpo é um músculo superficial que segue ligeiramente anterior, ao longo da margem ulnar do antebraço. O principal local de inserção proximal é o epicôndilo medial do úmero (tendão flexor comum) e de inserção distal é a base do quinto osso metacarpal e o osso pisiforme; cruza o lado anterior do punho e se insere no lado ulnar da mão. Portanto, é o único músculo do carpo que se insere em um osso carpal. É um agonista primário na flexão e na adução da mão. Tendo em vista a orientação anterior relativa do tendão flexor comum no epicôndilo medial, esse músculo cruza anteriormente ao eixo de rotação da articulação do cotovelo, ajudando a flexão do cotovelo.












O músculo flexor radial do carpo também é um músculo relativamente superficial que vai do tendão flexor comum no epicôndilo medial do úmero, tem trajeto diagonal, atravessa a região anterior do antebraço e se insere lateralmente na base do segundo e terceiro ossos metacarpais. É um agonista primário na flexão e abdução da mão. Como o M. flexor ulnar do carpo, o M. flexor radial do carpo pode auxiliar na flexão do cotovelo.










O músculo palmar longo também é um músculo superficial que desce pela região anterior do antebraço a partir da inserção comum dos músculos flexores no epicôndilo medial do úmero. Insere-se distalmente na linha mediana da aponeurose palmar. É facilmente identificado na linha intermédia do punho, principalmente quando há leve resistência à flexão da mão. Esse músculo é especial porque tem apenas uma inserção óssea, na extremidade proximal. Não existe, de um lado do corpo ou de ambos, em aproximadamente 21% das pessoas (Moore, 1985, p. 698). Como o músculo palmar longo é muito pequeno, sua ausência não acarreta perda significativa de força. Para mais bem ilustrar sua natureza dispensável, o M. palmar longo (quando existente) é, com frequência, usado para substituir o tendão lesionado. Embora sua posição seja ideal para fletir a mão, ele é, no máximo, um músculo acessório devido ao seu tamanho. Por causa de sua inserção na aponeurose palmar, o M. palmar longo tem discreta participação no movimento de concha da mão. Embora cruze a articulação do cotovelo anteriormente, sua capacidade de contribuir para a flexão do cotovelo é negligenciável por causa de suas pequenas dimensões.










Na região carpal posterior está o músculo extensor radial longo do carpo. Esse músculo é superficial em sua maior parte. O termo longo se refere ao fato de que esse músculo se origina acima do restante do grupo extensor, portanto, seu comprimento é maior. O local de sua inserção proximal é imediatamente superior ao epicôndilo lateral, na crista supraepicondilar lateral, tornando-o o único músculo extensor do punho que não se origina do tendão extensor comum. Segue ao longo da região posterolateral do antebraço, subjacente a dois tendões que se dirigem ao polegar, e passa sob o retináculo dos músculos extensores para se inserir distalmente na base do segundo osso metacarpal. Visto que cruza o lado posterior do punho e se insere no lado radial, é um agonista primário na extensão e na abdução da mão. Também cruza o cotovelo um pouco anteriormente, possibilitando que o mesmo auxilie na flexão do antebraço na articulação do cotovelo. Do ponto de vista funcional, sua ação no cotovelo não é importante. Todavia, torna-se mais importante quando é necessário alongar o músculo.












O músculo extensor radial curto do carpo está situado próximo ao músculo extensor radial longo do carpo. Origina-se no tendão comum dos músculos extensores no epicôndilo lateral do úmero. Assim como o músculo extensor radial longo do carpo, passa sob dois tendões que se dirigem ao polegar e, em seguida, sob o retináculo dos músculos extensores. O local de inserção distal é a base do terceiro osso metacarpal. Como sua inserção está próxima ao eixo de movimento da abdução e adução, seu braço de momento para esse movimento é curto, tornando-o apenas um músculo acessório na abdução. Entretanto, como cruza o lado posterior da articulação, é um agonista primário na extensão da mão. Assim como o músculo extensor radial longo do carpo, tem papel acessório na extensão do antebraço na articulação do cotovelo.












O músculo extensor ulnar do carpo também é um músculo superficial que tem sua inserção proximal no tendão comum dos músculos extensores, no epicôndilo lateral do úmero. Segue medialmente ao longo da região posterior do antebraço até se inserir na base do quinto osso metacarpal. Esse músculo cruza o lado posterior do punho e se insere no lado medial da mão, tornando-o um agonista primário na extensão e adução da mão e acessório na extensão do antebraço na articulação do cotovelo. Assim como os músculos extensor radial longo do carpo e extensor radial curto do carpo, é importante saber qual lado do eixo da articulação do cotovelo o músculo cruza quando esse músculo biarticular é alongado.